Hendrix virou referência de Guitarrista, com “G”
maiúsculo: não um mero arranhador de cordas, dedilhador de notas, nem alguém
que sabe os acordes corretos para levar uma música com competência até seu
final, mas alguém que parece se fundir com o instrumento, tamanha é a
integração entre eles: não dá para saber onde termina o braço humano e onde
começa o braço da guitarra, um é a extensão do outro.
Quando tocava, Hendrix parecia que estava
possuído, e quem sabe estava mesmo! Veja como ele estava nesse solo fantástico:
https://www.youtube.com/watch?v=a6meMBtTgKQ
A criatividade, inesperada, aparentemente caótica,
mas que expande a harmonia, que flui na música, no Rock e em todas as formas de
mostrar a conexão do humano com o divino, se fazia som e usava Hendrix como
médium. As mãos dele faziam a guitarra falar, uma linguagem supra-humana e sem
fronteiras, convertendo os sopros das musas inspiradoras em notas musicais inimitáveis.
Jimi abriu novas possibilidades para os
guitarristas, anos-luz à frente de tantos outros, como Ritchie Blackmore, Jimmy
Page, Eric Clapton, Jeff Beck, Stevie Ray Vaugham, Joe Satriani e muitas outras feras, que
por si só já são virtuoses e referências talentosíssimas do Rock.
Fulgurante e fulminante, Jimi Hendrix surgiu,
brilhou como uma supernova (estrela que explode e por algum tempo brilha tanto,
ou mais, que uma galáxia inteira, depois vai se apagando, mas deixando sua
marca no firmamento) e logo voltou à fonte das ideias e talentos de onde emanam
todas as Artes que expressamos e apreciamos. Continua atual, vanguardista e
impressionante para quem quer que ouça o que ele tocou.
Vejamos, então, seu mapa natal e as relações entre
sua vida terrena e o que os astros anunciavam.
Johnny Allen Hendrix, que depois seria rebatizado
como James Marshall Hendrix, nasceu em Seattle, às 10:15 de 27 de novembro de
1942, e também foi sepultado lá após desligar-se do planeta Terra aos 18 dias
de setembro de 1970 em Londres – apesar de ter pedido “não me enterrem em
Seattle, lá é muito frio e úmido”.
Com três planetas – Sol (essência), Mercúrio
(expressão) e Vênus (relacionamento) – e também o Ascendente (imagem e corpo
físico) em Sagitário (animado, exagerado, espalhafatoso, generoso, expansivo),
fica fácil entender as roupas coloridas e nada convencionais, o cabelo indomável, o visual sempre
mutável e as performances apoteóticas no palco: Jimi não apenas quebrava a
guitarra, como o The Who e outros já
tinham começado a fazer, mas continuava tocando nos destroços, ou então
colocava fogo neles. Em outras vezes, tocava com os dentes, ou colocava a guitarra
nas costas e continuava a tirar sons nunca antes imaginados daquele
instrumento.
Sua infância foi confusa e turbulenta:
- quando Jimi nasceu, seu pai estava no exército e
chegou a ficar preso, para impedir que fugisse e fosse visitar o filho
recém-nascido, que só pode conhecer após três anos. O Sol de Jimi está entre as
Casas XI e XII; na Casa XII, um dos significados é de pai desconhecido,
distante ou ausente...
- foi o segundo dos cinco filhos do casal Al
Hendrix/Lucille Jeter, nasceu Johnny Allen e anos depois foi rebatizado James Marshall à
a Casa III (infância, irmãos) do mapa abre em Peixes (coisas confusas, no
sentido de sem definição, pouco claras), cujo regente Júpiter (expansão) está exaltado
(forte) em Câncer – ou seja, dificilmente Jimi seria filho único ou teria que
dividir o quarto com apenas um irmão.
- esse Júpiter em Câncer faz conjunção (está
junto) à Lua domiciliada (muito forte), ambos marcando profundamente a
importância e influência da família: além de conseguir rastrear suas origens
até uma tataravó índia Cherokee, Jimi tinha ascendentes africanos e irlandeses.
No lado negativo, os problemas com álcool que Al e Lucille tiveram, como parte
da vida difícil que levaram quando Jimi era criança, pode ter sido um dos
gatilhos que levaram o Jimi adulto a entrar no álcool, e depois nas drogas.
- a Casa IV (família de origem, lar) abre em Áries
(energia, impaciência, brigas, confusão), regido por um Marte domiciliado em
Escorpião (Marte é o regente clássico desse signo): mudanças constantes de
residência, brigas, separações e finalmente o divórcio de Al e Lucille marcaram
a infância de um Jimi que se mostrava tímido e sensível. Tal timidez pode ser ligada
a seu Saturno (instituições tradicionais, autoridades) fazendo
oposição ao seu stellium (conjunto de
planetas) em Sagitário: seu impulso natural de expansão ainda estava com uma tampa pesada
demais em cima dele.
Seu Sol em Sagitário recebe junto com a oposição
de Saturno, também a oposição de Urano, que está conjunto a Saturno em Gêmeos:
tinha de lidar com a constante pressão interna entre ou atender à sua sede de
liberdade, ou se sujeitar ao que lhe era imposto por figuras em posição de
autoridade sobre ele, como seus pais, a escola na infância e adolescência e o
exército – em que ingressou para não ir para a cadeia quando foi pego dirigindo
carros roubados... Haja tensão e ansiedade.
Mercúrio em Sagitário, oposto a Urano, aumenta a
ansiedade e a agitação, mas também a facilidade em aprender: aos quinze anos
conseguiu comprar sua primeira guitarra e dedicava-se diariamente por horas a
fio a explorar e aprender a tocar o instrumento. O Sol recebendo trígono de
Plutão pode explicar essa força de vontade em perseguir o que quer.
Sua Casa VI abrindo em Gêmeos, regido por esse
Mercúrio tenso e acelerado, reforça a habilidade manual e assim completa o
quadro: Jimi era um canhoto que tocava guitarra de destro ao contrário e sem trocar as
cordas; incorporou à sua música o uso de distorções, microfonia e pedais,
reinventando a forma de tocar e ultrapassando qualquer limite até então sonhado
no uso da guitarra, levando o Rock and
Roll Hall of Fame a declará-lo como o maior instrumentista da história do
Rock.
(Em novembro de 1966, o Jimi Hendrix Experience, com Jimi na guitarra e vocais, Noel
Redding no baixo e Mitch Mitchell na bateria, fez uma apresentação no clube
noturno londrino Bag O’Nails, e na plateia estavam nada mais, nada menos que Eric
Clapton, John Lennon, Paul McCartney, Jeff Beck, Pete Townshend, Brian Jones,
Mick Jagger e Kevin Ayers, que ficaram estupefatos com o que ouviram, e suas
reações extremamente positivas ajudaram a alavancar a carreira do jovem astro
que despontava).
Gêmeos também abre a Casa VII (parcerias,
relacionamentos) e aqui temos uma curiosa possibilidade do signo duplo: Jimi
tinha preferência em ir para a cama com duas mulheres de uma vez.
Apesar de viver na chamada Era do Flower Power (o Poder da Flor), pregada
pela geração Hippie, a vida estava longe de ser só flores para Jimi. Depois da
infância pobre, superou as adversidades, virou astro de primeira grandeza e foi
o artista mais bem pago do Festival de Woodstock , mas seus fantasmas podiam
ser rastreados no mapa natal:
- o Sol de Casa XI/XII trígono a Netuno reforçando
o lado artístico, criativo, inspirado, mas também sujeito a vícios e alienação/ilusão;
- Mercúrio oposto a Urano, acelerando o lado caótico;
- Lua quadrando o Meio do
Céu, apontando seus rompantes que causavam desentendimentos e rupturas com os
parceiros musicais;
- e Marte em domicílio (muito forte) em Escorpião e feral,
isto é, sem fazer nem receber aspecto a planeta algum, sem ter qualquer
referência para funcionar, podendo então ficar hipo ou hiper-ativo, funcionar
para o que tinha de bom e também de ruim: Jimi tinha energia de sobra para
tocar e criar, mas seu Lado Negro da Força aparecia quando ele bebia, e de um
fulano legal, passava a ser um ciclano violento que quebrava quartos de hotel.
Seu primeiro retorno de Saturno – a volta de
Saturno à posição celeste do instante do nascimento, após 28 a 30 anos – que
entre outras coisas traz o aviso de “amadureça e cresça”, começava a pintar no
horizonte de Jimi. Mas Hendrix saiu do corpo antes que Saturno chegasse,
asfixiado pelo próprio vômito após uma overdose de barbitúricos.
É difícil dizer se inconscientemente Jimi fugiu
dos limites de um mundo muito defasado e que o tolhia, ou se fugiu de si mesmo
e do que trazia em seu íntimo.
Por coincidência ou não, na genial interpretação
que fez de All Along The Watchtower,
de Bob Dylan, Jimi canta o desconforto e o desejo de escapar:
“There must be
some way of here
Said the joker
to the thief
There’s too
much confusion
I can get no
relief”…
(deve haver algum jeito de sair daqui
disse o piadista ao ladrão
tem confusão demais,
eu não tenho sossego...)
grato pela companhia, e até o próximo post!
By Cao
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